sexta-feira, 7 de maio de 2010

Meu eterno quarto

As paredes esperam uma mão de tinta há cinco anos. As portas, o verniz que nunca veio. O ventilador funciona bem e ajuda a espalhar por todo o quarto a poeira acumulada em todas as lembranças. Na minha frente o quadro desenhado a giz de cera com a paisagem de Praça Artigas. Perto fica o guarda-roupa quase vazio, mas cheio de caixas – não falarei delas, prometo. Aliás, nem vou abrir a porta desse armário. A direita tem a estante. Uma CPU desligada, com um modem sem conexão, xícaras e canecas, CDs diversos e desimportantes, os souvenires de viagens passadas, garrafas de coca, as esculturas de barro da década de 90, uma gaveta que não vou abrir. Mais um quadro com um desenho do Outeiro da Glória. Um aparelho de som quebrado pede para ser jogado fora. Não tocará mais Björk nele. Bem do meu lado, a minha outra estante. Apenas livros. Quase todos capixabas, quase todos não lidos e quase todos jamais serão. Mais quadros. Três que formam o conjunto “Passando por ele”. Por fim, a cama. Quase vinte anos me suportando. O colchão já cola no estrado e solta muito pó. Tudo aqui solta muito pó. Principalmente, eu.

3 comentários:

Raquel Galvão disse...

pergunte ao pó, então...
rsrs.
beijos, hot.
Anne agradece.

kenialice disse...

ah! tão familiar esses retornos... lindo texto. bjos!

Marcella Sarubi disse...

adoro te ler, querido.
beijos