quinta-feira, 18 de março de 2010

The Ring

Ninguém sabia de onde vinha aquela música. Era triste. Era sombria. E sabe-se lá como, lúdica. Era lâminas enferrujadas que entravam em meu ouvido. Um híbrido de marcha nupcial e fúnebre. Dependia de quem ouvia. Para mim, lembrava a morte. Vocês sentados embaixo daquela árvore gigante de galhos longos e vigorosos. O sol da tarde batia bem no meio dos olhos de vocês e irritava. Eu era aquela macha negra contraluz. Refletiam. Uma aliança grossa, dourada e com delicados desenhos riscados. O caminho da luz entre o sol e o anel estava cheio de frustrações. Imaginem a poeira que ronda feixes de luz. A mesma coisa. O seu anel sumia nos cabelos dele. Aquela carícia era minha. A mão dele no seu rosto. A música rasgando meus tímpanos e martelos. Resolvi engolir a música e minha garganta foi sendo estraçalhada a cada mastigada. As lâminas circulavam pelo meu corpo. Cortavam minhas vísceras e faziam o caminho sangue pelas veias. Meu coração foi moído em segundos. Era uma música fúnebre.