sexta-feira, 7 de agosto de 2009

Roller-tip pen 0.5 (Liquid Ink)

Na pressa você deixou a caneta destampada sobre minha cama. Só notei quando vi meu lençol branco todo manchado de tinta azul. Tarde demais. Já tinha dado tempo do chão do quarto ter sido inundado e agora, os meus pés brancos estavam azulados. Corri para jogar pela janela aquela caneta maldita, mas no caminho as paredes e até mesmo o teto ficaram azuis. Enlouquecido, me encostei na parede da sala e contemplei aquela imagem à la Derek Jarman. Só faltavam as vozes ao fundo. Arranquei as roupas que ainda vestia e rolei pela poça de tinta até ficar completamente azul. Meu cabelo pingava de tão encharcado. Fui atrás de mais canetas de outras cores para quebrar com a monocrômia. Apenas achei da mesma cor, apesar das embalagens dizerem que eram vermelhas, verdes e pretas. Resolvi então tingir todas as minhas roupas, cobertores e toalhas. A partir daquele momento, a tirania do azul estava decretada. Geladeira, fogão, ventilador... nada, mas nada mesmo ficou de fora. Nem mesmo meus dentes e minha língua. Por fim, só restava uma coisa de cor diferente: meu sangue.