segunda-feira, 17 de junho de 2013

O sofá vermelho

Está tudo bem diferente desde a última vez que você sentou nesse sofá. É claro que ainda temos a vista para cozinha e para a sacada da sala. Mas, as flores e plantas da horta morreram. Na verdade, ainda tem um pé de alecrim capenga, um vasinho de planta doado e uma muda não identificada que crescem mesmo sem ser regada. Quase todos os quadros são novos, mas não combinam muito. Outros tantos esperam um prego na parede para serem pendurados. Há ainda aqueles que esperam ser emoldurados. Falando em parede, uma delas agora é vermelha - ou bordô, como dizem pessoas que sabem distinguir paletas de cores.  Resolvi colocar a mesa mais para o centro e agora volto a fazer uma das minhas artes em seu tampo. Pode ser que fique bonito.

Aquela luminária vermelha agora fica em um lugar novo ao lado do sofá e onde ela ficava, agora está a televisão.  A bicicleta continua sem lugar e destoa de tudo. Não que a mesa de centro combine com algum móvel ou ainda, não que algum móvel combine com outro. Hoje, faz um silêncio muito grande. De vez em quando, ouço os gritos de uns garotos que ficam na pracinha ou de gatos no cio. De noite, não tem nenhuma criança e o balanço não range. Vou te falar que acho que sofá já não está mais tão vermelho como naquela foto em que você está nele segurando um taça de vinho e escutando conversas que você não conseguia entender. Na fotografia, a cor era bem mais vibrante e quase se fundia com a sua camisa que também era vermelha. Pouco a pouco sinto ele vai desbotando e ficando empalidado como aquilo que a gente chamava de amor.

Um comentário:

Leonardo ViSo disse...

há um ano, você chegava...