sexta-feira, 20 de janeiro de 2012

Possibly Poetry


E ai, eu abri a porta da sala e te encontrei sentado no chão com laptop no colo ouvindo Pagan Poetry e completamente bêbado. E eu vi seus pés se aproximando de mim. Você imóvel e concentrado na música e nos seus dedos que batiam no teclando como se perfurassem um coração pulsante. Meus dedos tentando animar um coração sem vida. Um olhar perdido para dentro do plasma. Meus olhos vendo suas panturrilhas e controlando para não subir para suas coxas. Um sorriso de lua minguante como se estivesse fazendo as mais perversidades que uma madrugada sozinho pode permitir. Eu segurando para não abrir meus dentes até meu ouvido por saber que você estava parado na minha frente me olhando. I Love him, I Love him, I Love him! Entendi o recado na hora e achei que deveria sair no mesmo silêncio que entrei. Eu confessava para o mundo o que eu sentia naquele momento, achando que o mundo te contaria esse segredo. Sua cabeça girava em rotações elípticas e seus pensamentos pareciam fugir de você para bem longe. Mantinha meu eixo em você e tentava olhar nos seus olhos, mas não tinha coragem. O ritmo da sua mão ia diminuindo como se a qualquer momento o sangue fosse jorrar e você não tivesse mais o que fazer. Aqueci minhas falanges para não ter a menor dificuldade de te dissecar até o fim daquela noite. Eu olhando para você. Você olhando para mim. Você fechou os olhos como se quisesse que no abrir deles, eu desaparecesse. Fechei meus olhos querendo que seus cílios se misturassem aos meus. Bati a porta ao sair. Acordei?

2 comentários:

Leonardo ViSo disse...

problema de vida: saber finalizar!

Anônimo disse...

conceito de ódio-amor