domingo, 31 de janeiro de 2010

Desencanto Silvestre

Demorei muito tempo até descobrir que dava para ver o Cristo Redentor da Praça Cuauhtemoc. Informação desimportante. A rampa leva aquele teatro de bonecos. Nenhum guia informa isso. Aquelas grades nada protegem. Vamos ouvindo o barulho dos passos. Ritmados parecem um coração batendo. Quando se passa pelo túnel - ou seria viaduto – o som fica seco. Você me beijou pela primeira vez no ano. Perguntei seu nome por nada. A minha mão percorria seu corpo. A gente ficava de costas para a baía como se fosse um conjunto de água qualquer. E era. Tentou levar sua língua para além da minha boca e não entendeu a proibição. Eu estava ferido, por mim mesmo, ferido. Me fez ser único por menos de uma hora. Dois minutos depois beijava outro como se ele fosse o primeiro.

quarta-feira, 27 de janeiro de 2010

Tinta Fresca

O barulho começa antes das 10 horas. O sol nasce bem antes disso. O vento dificilmente entra pela janela. As paredes permanecem quase nuas. O chão de marcas de muitos outros sapatos. A cama ainda balança de um lado para o outro. A mesa levita entre a gravidade e uma base em parafusos. Roupas espalhadas pelo piso. Roupas jogadas dentro de malas. Roupas penduradas na cadeira. Os livros foram colocados em ordem, mas fora da altura dos olhos. Nem tudo foi desembalado. Há tanto espaço.