Eu invento longos e complexos diálogos em francês para simular nosso rompimento. Invento as palavras também. Ensaio a entonação das sílabas e as pausas... dramáticas. É tudo muito sussurrado. A culpa é sua que não entende e não a minha que não sei falar. Perco horas criando os olhares e gestos com as mãos. Ando de um lado para o outro, me viro e olho a paisagem na janela. Uma respiração e volto a falar. Embargo a voz e termino. Fecho a janela e me deito. Agora, vou começar a criar nas conversas devassas em espanhol.
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Vi uma foto do seu novo namorado. Gargalhada número um. Vasculhei o álbum da viagem que vocês fizeram. GARGALHADA número dois. Li todas as legendas erradas que ele escreveu. Choro de canto de olho número zero, mas com muito deboche!
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Insisto, mas nunca encontro nenhuma referência a mim nos seus textos. Nem naquele que você publicou no dia do meu aniversário.
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Você nunca vai saber o que é olhar as ondas quebrando no penhasco da Niemeyer e sentir um déjà vu. Com você o Rio não passa de um jamais vu! Mas, sejamos sinceros, você viu coisa demais para quem nasceu numa cidade cujo nome desperta riso.
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O dia que conseguir arrancar todos os dentes da sua boca, deixo de escrever para você!
2 comentários:
Que novela!
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