domingo, 26 de outubro de 2008

Desolé (in progress)

acordei pouco depois do sol nascer. levantei e catei cada uma das três taças de vinho que me rodeava na cama. lavei a louça do jantar que estava na pia. dobrei os lençóis e arrumei a cama. dei comida para o poodle e reguei a planta. agora, finalmente, posso tentar descobrir onde estou.
não penso que isso seja uma coisa fácil. se ao menos soubesse o tempo que aqui estou. tenho medo de abrir a porta - se é que ela está fechada. nem perto da janela chego muito. queria lembrar mais do que aconteceu. queria lembrar.
fico pensando aqui. sentado. se meu olfato fosse apurado, daria para chegar a alguma pista. sempre fico com o perfume alheio na pele, mas o único cheiro que sinto é do sangue seco em minha roupa. na minha boca também não ficou gosto de nada.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Enganos

É tudo mentira. Nem gosto tanto de você assim. Você me lembra muitos dos meus casos antigos. Dos platônicos aos mais selvagens. Mas, não tem nada deles. Tudo o que a gente pensa ter em comum é uma simples criação de duas mentes ociosas. Gosto muito pouco de você e cadê vez que não deixo isso claro é porque estou mentindo. Você me conhece há tão pouco tempo, que exigir que você identificasse meus clichês seria uma covardia. Não te digo nada de especial porque nada especial sinto. Confesso que a cada momento que te iludo, me iludo também. Se te engano, a mim antes o faço.

quarta-feira, 8 de outubro de 2008

Perché, Perché!

Sinto falta de não poder te contar sobre as minhas viagens e de não te alegrar mais com os meus presentes. Nem vejo mais muita graça em encher minhas malas de lembranças locais. Ainda não consigo escrever uma linha sobre velhice sem pensar em você. Não é possível me deparar com um rosto enrugado sem imaginar como teria ficado o seu. E cada vez que vejo alguém ficar nos bancos de cor laranja, imagino como seria divertido ter ver andar de metrô e mostrar cada uma das curiosidades do Rio de Janeiro. Era tão fácil te agradar, era tão fácil me agradar. Ainda lembro o seu número de telefone de cabeça, mas não ligo com medo que você o atenda. Perché, Perché!